Bob Cunha... Uma coreografia da vida

30 novembro 2008 |


O dançarino e coreógrafo Bob Cunha, 48 anos, dedica seu tempo integral à Dança. Em parceria com Áurya Pires, forma uma dupla que encanta o público em todas as apresentações. Nesse ano, faria números ao ar livre no evento “Arte em Laranjeiras e Cosme Velho”, no Rio de Janeiro, mas devido à chuva, não foi possível. Premiado, respeitado no mundo da Dança e com agenda cheia com shows também no exterior, Cunha deu entrevista exclusiva para o “Cultura Viva”.


CULTURA VIVA: Em que momento de sua vida despertou o desejo pela Dança? Quando tomou a iniciativa de se dedicar a ela, teve apoio da família ou houve resistência?
BOB CUNHA: Já tinha feito moda, pintura e estudava Arquitetura; então comecei a fazer dança. Na época não existia bolsista, então pagava pelas minhas aulas de turma e particulares. Sem mais dinheiro, comecei a dar aulas para fazer aulas. Por problemas particulares e também pela dança não falo com minha irmã há doze anos, e minha mãe, quando viva, também não era a favor.


C.V.: Você e a Áurya Pires formam parceria há muitos anos. Na sua opinião, a que se deve essa sintonia?
B.C.: Responsabilidade. No geral, as pessoas acham que tudo é uma grande brincadeira e desde o início a Áurya sempre foi muito responsável. Com o tempo e muitas aulas Jazz, Contemporâneo, Tango, Dança de Salão, Pilates e mais a experiência do palco trouxe uma qualidade acima da média. No meu caso a coragem de novos desafios, que, a meu ver, são desafios para uma pessoa mais jovem e não para alguém de 48 anos (às vezes arrisco até minha saúde e minha vida). Enfim, popularidade não tem nada a ver com qualidade!

C.V.: Com um currículo tão vasto, pode-se analisar um Bob Cunha ontem e hoje mediante a experiência adquirida. Para a arte da dança a dedicação é importante ou basta o dom?
B.C.: Dedicação total, a Dança não admite stop, preguiça, cansaço, e sobreviver dela não é fácil. “Dom”, isso não é fundamental. Somos realmente um país de Terceiro Mundo. Fala-se de cultura, mas o apoio é ínfimo, falta apoio municipal, estadual, federal e da iniciativa privada; espaço na mídia para tudo isso ser falado (cobrado) . Eu hoje continuo exigente, sou mais ponderado, dança para lazer, dança para terceira idade e dança para profissionais. Continuo tentando entender que os jovens políticos podem mudar essa favelização geral e também da Educação. Tem muita gente que não vive da Dança, não tem um RG, mas atrapalha, suja e prega conceitos sem nenhum respaldo. Acho que as informações deveriam chegar de uma forma mais transparente ao público.

C.V.: Como analisa o “Arte em Laranjeiras e Cosme Velho”? Eventos desse porte têm apoio da sociedade e de empresários para sua realização? Há interesse de empreendedores?
B.C.: É a primeira vez que participamos, e a apresentação não aconteceu por causa da chuva. Nos outros anos, estava viajando. Quanto ao apoio, eu não sei, porque fui convidado para dançar, não faço parte da organização. Acho que a sociedade e empresários têm que ter algum abono para apoiar a cultura e para a classe, muito mais do que uma Lei Rouanet, que não funciona.

C.V.: Que dica você daria a quem está começando, profissionalmente, na arte da Dança?
B.C.: Vou ser prático e direto, tudo é difícil, além de muito esforço, dedicação e disciplina, se tiver a chance tente carreira no exterior. No seriado “Bope” tem um paradigma, ou você se omite ou se corrompe ou vai à guerra. Eu fui à guerra. Faça a sua opção e boa sorte!

Bob Cunha e Áurya Pires
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Tels.: 21 – 25567765 / 96293072
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www.bobcunhayauryapires.com

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